Sexo e a mulher

Acredito no que ouvi de um editor de revista: nostalgia é o oitavo pecado capital dos novos tempos. Por que sentir falta de um tempo que passou, que era mais antiquado, mais burlesco? Claro que você pode reciclar informações do passado, mas, por favor, não queira fazê-las caber nessa nova era...

Por exemplo... Já cruzamos a revolução sexual. Hoje já se pode ter uma vida sexual mais livre, diferença sentida principalmente pelas mulheres. Agora, teoricamente, as mulheres podem optar sobre a forma de usar seu próprio corpo, de se entregar aos seus instintos, desejos ou vontades...

Mas, teoricamente, né? Ainda ouço comentários do tipo: “se fico com uma mulher na balada e ela cai de boca no meu pau, eu vou até ligar pra ela como `ficante`, mas isso nunca vai virar namoro. Essa é uma `piriguete`!” Esse é o comentário mais machista que tenho ouvido ultimamente, e significa dizer que a mulher é vadia, piranha, prostituta de balada, etc. 

Nossa! Isso me dá uma enorme vergonha dessa nova geração, pois, com meu idealismo e otimismo achava possível que os jovens de hoje fariam mudanças significativas no sentido de acabar com o machismo. Pois esse machismo é prejudicial não apenas às mulheres, mas à sociedade como um todo! Pelo fato de ser mulher e livre, essa pessoa não merece ser a “piada da vez” ou o “troféu” de alguém.

E muitos homens ainda argumentam que o feminismo é que atrapalha as boas relações. Ei! “Pera aí!” Se o feminismo nasceu para ser o avesso do machismo, não são simétricos! Então, esse argumento não cola... Ainda que se possa pensar nos exageros de algumas mulheres, o que o movimento busca é, de forma simplista, a eliminação da desigualdade entre os sexos, sobre direitos e deveres. E como bem disse uma amiga, “o feminismo pode ser, literalmente, um pé no saco, mas não mata ninguém; já o machismo…”

Uma pesquisa, que teve seus dados divulgados no blog Sexpedia (em 2010), indica que jovens mulheres têm três vezes mais parceiros sexuais do que tinham suas avós na mesma idade. O resultado dessa pesquisa iniciou um movimento que se pode denominar de ódio machista, pois muitos homens disseram que a amostra das mulheres respondentes era de “vagabundas”. Alguns dos comentários incluíam: incomoda-me casar com uma mulher que muita gente já provou; mulher que teve mais de cinco parceiros não merece respeito; não quero pegar resto dos outros; etc.

Hoje homens que pegam muitas mulheres são denominados de “pegador” e todos, quase indistintamente, fazem pose de experientes! Então, por que a mulher que transa com muitos é chamada de “vagabunda”? Antes era a virgindade a grande vilã... e agora, é o número de parceiros! O que amedronta tanto o homem que o faz ter dificuldade de suportar a ideia de que as mulheres têm desejo sexual, tão ou maior do que os seus próprios? Isso é ridículo!!

Será que têm medo de essa mulher saber fazer sexo melhor que você, homem? Será que fica pensando que pode ser comparado com os outros, talvez mais experientes? Medo de que o seu pau, grande troféu, não seja o suficiente para conquistá-la e mantê-la ao seu lado? Aff Quanta bobagem!

Não estou afirmando que homens e mulheres devem transar mais vezes para serem felizes... Mas se a garota quer experimentar o sexo com diferentes homens, deixem-na fazer isso sem culpa e com responsabilidade. 

Será que, para nos adequarmos a esse quadro, ainda de machismo, nós mulheres deveremos mentir sobre o número de nossos parceiros? Será preciso esse absurdo? Por que me parece que hoje os jovens-homens têm se tornado bem mais caretas que seus pais! Para que essa curiosidade mórbida sobre a vida sexual da mulher? 

Estamos hoje, homens e mulheres, abrindo caminho para novas formas de relacionamento (incluindo os sem compromisso), busca por novos prazeres, inovações em posições na cama, liberando a realização de fantasias e fetiches. Não é necessário sentimento de amor, é apenas uma “performance”! Podemos ser como atores! Passou a cena, acabou tudo!

Tenho notado uma pequena diferença no machismo atual! Antes, a mulher era quase uma serva na cama... Hoje, o homem quer o controle de seus orgasmos. Quer ser o responsável pelo prazer da mulher. Se antes o prazer da mulher não era considerado, hoje parece que o número de orgasmos dela está ligado ao bom desempenho dele na cama!

Ow! O prazer depende da potencialidade de cada um! É a esse tipo de manipulação da mulher que denomino machismo!
Parem com isso, homens! Ser machista pega mal por demais! Olhem as mulheres de forma generosa... Vocês precisam se permitir ser afetuosos, sensíveis às emoções, reconhecer que sentem a falta de um carinho... E, quem sabe, aprender sobre sexo com uma mulher... Por que não? Devem passar a ser “homem” e não “macho”.